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Conversando com crianças sobre a morte

A sociedade, repleta de crendices e superstições aliadas a morte e ao morrer, encontra-se despreparada para o manejo e cuidados relacionados ao luto infantil.

Barbara Haddad e Maysa Fagundes


Apesar de ser um fato inerente ao existir, imutável e natural, a finitude causa temor e aversão. A morte e todas as circunstâncias que a envolvem, pouco toleradas e desoladoras, tornaram-se assuntos tabu. Evitados pelos adultos e considerados impróprios para o universo infantil, esquiva-se de falar sobre perdas e morte com as crianças.


Em seus estudos sobre a criança e a família, Philippe Ariès (1981), descreveu que na Idade Média devido ao grande índice de mortalidade, o assunto era proferido e tratado com naturalidade. A preocupação maior era com a vida após a morte e não em como seu fim ocorria. A visão, corrente no século XVI, da criança como representante da alma, por ser considerada pura e inocente, lhe concedia a participação nos leitos e rituais fúnebres, pois ela era considerada o que havia de mais próximo a condição que o falecido assumiria. Elas participavam das atividades rotineiras da vida juntamente aos adultos e a partir do século XVII, associadas a fragilidade e dependência, foram afastadas dos leitos de morte e rituais fúnebres. O sentimento de infância que demanda proteção que emergiu, se fortaleceu no fim do século XIX e arraigou o movimento de preservação da criança. Assim, elas foram paulatinamente distanciadas também do luto, dos sentimentos e das conversas relacionadas as perdas.


As constantes ameaças à vida provocadas pela violência, desastres naturais e enfermidades presentes na contemporaneidade, motivam a sociedade a enaltecer e preconizar o prazer de viver e refugar o sofrimento. A manifestação e a duração do lamento e pesar foram limitados, não prestando suporte e consentimento para vivências ligadas à morte. Conforme afirma Andrade, na atualidade “o enlutado não encontra muito espaço para se expressar e tem pouco apoio para que o seu luto possa ser bem conduzido” (2013, p.27).

"O luto não se restringe a morte de uma pessoa e pode ocorrer quando se perde algo significativo, como um objeto, um animal ou frente a uma impossibilidade, dificuldade, doença, desemprego, separação, desamparo, privação de algo ou alguém, entre outros aspetos relacionados com alguma lacuna emocional." (CORTES E SIRELLI, 2016)

Segundo Andrade (2013), o luto é a série de reações decorrentes da perda que podem ser sucessivas, simultâneas ou sem uma ordem sistematizada e representam uma vivência complexa e subjetiva. Um processo que não se reduz a um mero agrupamento de sintomas que podem desaparecer decorrido certo prazo. Franco e Mazorra (2017), reforçam que a configuração de toda essa reestruturação da vida que se dá após a perda, configura uma adversidade emocional e cognitiva, que apesar de seu caráter trabalhoso, tem que ser enfrentado.


De fato, as crianças expressam de forma singular a sua dor e seu modo de elaboração é próprio porque suas reações são compatíveis a sua faixa etária e, embora tentem atribuir sentido ao que vivenciaram, por estarem em processo de desenvolvimento cognitivo e emocional, há aspectos que vão compreendendo e significando somente à medida que crescem (MAZORRA, 2017).


Entretanto, mesmo demandando cuidados singulares, elas vivenciem o luto de forma análoga a dos adultos, conforme afirma Bowlby:

"Parece que os mesmos tipos de respostas ocorrem, na mesma sequência, independentemente da idade. Tal como os adultos, bebês e crianças pequenas que perderam uma pessoa amada sentem pesar e passam por períodos de luto (1982, p. 46)".


Sendo assim, as crianças não precisam ser excluídas dos diálogos e eventos que envolvem a morte. O desejo de preservá-las e protegê-las, embora, carregado de afeto e zelo, também é aliado a crenças e suposições oriundas da falta de preparo, angústia e dificuldade dos adultos em lidar. E, mais do que evitar sua dor e do sofrimento, salvaguardá-las pode acarretar prejuízos na absorção saudável do conceito e no processo de luto.


Crenças e Atitudes

Baseados na crença de que as crianças devem ser poupadas, por não estarem preparadas para lidar com seus sentimentos, elas são afastadas de pessoas doentes, não lhes é explicado o que está acontecendo, elas não são comunicadas sobre mortes e são inventadas histórias, metáforas ou mentiras sobre o assunto.


A morte, não é um assunto inexistente no cotidiano das crianças. Ele está presente em desenhos, histórias e pequenos eventos do dia a dia. A dificuldade dos adultos em lidar com o assunto é que faz com que tenham a tendência a mascará-lo ou evitá-lo. O falecimento de animais de estimação ou a perda de brinquedos especiais e acessórios como chupetas, servem como pretexto para introduzir o tema e trabalhar os sentimentos decorrentes dele.


Na tentativa de protegê-las pode-se “causar uma falsa impressão de que sofrer a dor de uma perda não é legitima” (MAEDA, 2017, p 37), causando mais desamparo do que camuflando a sensação. Evitar que a verdade seja reconhecida, bloqueia o processo de elaboração infantil dos sentimentos inerentes à perda ocorrida e contribui para o adoecimento físico e psíquico. Inclusive para a ocorrência de um luto complicado, ou seja, um processo de luto que não progride adequadamente, de maneira adaptada a realidade que se apresenta em que o enlutado possa seguir sua vida sem o que foi perdido (ANDRADE, 2013).


A crença de que as crianças não têm maturidade para compreender o que é a morte, capacidade esta que só se adquire ao longo do tempo com o desenvolvimento. Sendo assim, o tema não é abordado ou são dadas explicações vagas, confusas e fantasiosas.

O conceito de morte depende da idade da criança, nível de desenvolvimento, formação intelectual, fatores emocionais envolvidos, contexto familiar e escolar, por exemplo. Pode diferir conforme as circunstâncias em que ocorra, a maneira como os adultos que a cercam encaram e lidam com o evento e o tipo de relação que a criança mantinha com a pessoa que morreu.


Por estarem em processo de desenvolvimento cognitivo e emocional, as crianças não têm total clareza dos aspectos que compõem o conceito de morte. A noção de irreversibilidade, não funcionalidade e universalidade são introjetados ao longo do crescimento. A irreversibilidade refere-se ao entendimento da morte como algo definitivo, que não se volta a viver e que a pessoa falecida não retorna mais. A não funcionalidade diz respeito ao fato de que todas as funções vitais são encerradas com a morte. E a universalidade, corresponde a compreensão de que tudo que possui vida, morre (TORRES, 1990).


Em uma pesquisa sobre a introjeção do conceito de morte, Torres (1999 apud Paiva, 2011) apresenta os seguintes dados:

· No período entre 3 e 5 anos, as crianças percebem a morte como sendo reversível, assim como acontece no sono ou na separação; não a veem como definitiva, entendem como sendo gradual ou temporária. O pensamento infantil é fantasioso e egocêntrico. Os seus desejos interferem na compreensão dos fenômenos do mundo e, diante, de fatos que não conseguem explicar integralmente usam a imaginação. Associam a morte com a separação, o sono e a perda de consciência, e a idealizam como temporária e não definitiva.

· Por volta de 5 ou 6 anos, compreendem a dimensão da irreversibilidade, porém ainda não assimilam seu caráter inevitável. O pensamento é concreto e há uma propensão a personificar a morte e representá-la em figuras como: bicho-papão, caveira ou monstro, o que causa um grande medo de separação, escuro e do desconhecido. O pensamento é de que a morte não acontece a todos, ou seja, não é universal. Se inicia a noção de irreversibilidade e inevitabilidade.

· A partir dos 9 anos, compreendem a inevitabilidade da morte, reconhecem que é a cessação das atividades do corpo e que acontece com todos os seres vivos, logo, entendem a natureza universal da morte. Continuando os processos de desenvolvimento, as crianças reduzem a crença na magia e notam que a morte implica no fim das funções físicas. Conseguem incluir-se na possibilidade de morte, mas acreditam que ela acontece na velhice ou por doença.


Mesmo que não sejam informadas do que está acontecendo, as crianças reconhecem que há alguma coisa diferente pois, tanto o ambiente, quanto aqueles com quem convive transmitem uma tensão. E seu luto pode ser considerado como “não reconhecido”, na medida em que “a criança não é percebida como capaz de compreender ou reagir à perda de um relacionamento significativo” (MAEDA, 2016, p. 51).


A crença de que podem ficar traumatizadas se participarem dos rituais de despedida, faz com que sejam excluídas das cerimônias e percam esse momento oportunamente constituído para manifestar a dor, não restando outros espaços e situações tão apropriadas quanto essas para que recebam apoio e possam direcionar seu luto de forma saudável (ANDRADE, 2013).


A dúvida quanto à participação das crianças nos rituais é pertinente, mas deve respeitar a necessidade e capacidade delas. A dificuldade do adulto em lidar com o sofrimento ao mesmo tempo em que acolhe o a criança, bem como o pensamento de que elas não possuem maturidade para compreender e capacidade para enfrentar a situação, não devem ser os únicos fatores que embasam essa decisão.


Maeda (2016) salienta que os rituais propiciam conforto e suporte, e permitem que ocorra um momento para despedir-se do falecido, expressar as emoções e compartilhar a dor, contribuindo para a elaboração da perda de forma construtiva. E afirma que “a participação da criança nos rituais de despedida, como velórios e enterros, é importante por ajudar na sua elaboração da perda e na construção de significados junto a família” (p. 52).


Entretanto, faz-se necessário respeitar a singularidade de cada situação e história, mesmo que a participação seja benéfica na maior parte dos casos. Assim como é importante a presença de uma figura com quem a criança tenha laços afetivos, que possa estar junto a ela fornecendo confiança e suporte (MAEDA, 2016).


Há ainda, a crença de que as crianças esquecem logo as coisas e, portanto, voltarão brevemente a rotina. Muitas vezes, os comportamentos e sentimentos que apresentam após uma perda significativa não são percebidos como associados ao luto. Seu processo pode se assemelhar ao do adulto, contudo elas demandam outros tipos de cuidados pois, possuem necessidades diferentes que devem ser observadas e compreendidas.


Luto Infantil

As reações do luto não acontecem de forma contínua e ininterrupta, em uma ordem pré-estabelecida e a criança pode expressá-las intermitentemente ou parar bem antes dos adultos, mesmo que seu luto continue.


As respostas das crianças às perdas dependem, de fatores intrapsíquicos e externos: o estágio de desenvolvimento psíquico, cognitivo e emocional em que se encontram, a relação que mantinham com a pessoa que faleceu, a causa e o modo em que a perda ocorreu, a maneira como foi contado o que aconteceu, a existência e participação nos rituais de despedida, as alterações na dinâmica familiar e rotina da criança, o jeito que a família ou as figuras de afeto lidam com a morte, o que já foi dito ou ensinado sobre a morte e o espaço disponível para compartilhamento e acolhimento das dúvidas e sentimentos (MAZORRA, 2017).


Segundo Bowlby (1982), a compreensão dos conceitos de irreversibilidade, não funcionalidade e universalidade, que abrangem o que é a morte e os demais conhecimentos que as crianças têm sobre o assunto, interferem na maneira como o processo de luto ocorre e evolui. Ele observou e descreveu três respostas:

1. Protesto: acometida de certa incredulidade, a criança se esforça real ou emocionalmente para reaver a figura perdida e a culpabiliza pela ausência.

2. Desespero e desorganização da personalidade: a criança parece aceitar a ausência do outro, apoiada pela confiança de um regresso, embora clame com ira pelo retorno. Sua crença no retorno e desespero, evidenciado ou não, alternam-se ciclicamente.

3. Desligamento: a criança começa a acatar a ausência da pessoa falecida e demonstrar um afastamento emocional, possibilitando a reorganização de sua vida e relacionamentos.


O modelo familiar de como se desenvolve o luto, é muito significativo para as crianças e interfere na elaboração e evolução do processo do luto infantil (FRANCO e MAZORRA, 2007). Elas aprendem observando a maneira como os adultos ao seu redor vivenciam as perdas. Transmitir valores e tradições familiares contribui para que o aprendizado vá acontecendo ao longo da vida, as vivências de morte vão sendo absorvidas desde a infância e as reações passem a se parecerem com a dos adultos de seu convívio.


Não as informar sobre o que está acontecendo não evita que reconheçam que algo está diferente pois, elas são capazes de sentir a tristeza e pesar presentes no meio em que vivem. Se notam que os sentimentos são escondidos e negados e não há ninguém receptivo, elas conservarão esse modo de atravessar o acontecimento (LIMA & KOVÁCS, 2011). Além disso, impedir que saibam a verdade e possam trabalhar os sentimentos relativos às perdas que tiveram e continuarão a ter por toda a vida, contribui para o adoecimento físico e psíquico. (PAIVA, 2011)


Alguns comportamentos, comumente decorrentes do processo de luto, apresentados na infância são dificuldades escolares, mudança bruscas de atitudes, alterações alimentares e de sono e sintomas psicossomáticos, por exemplo, que nem sempre são associados à perda (LIMA & KOVÁCS, 2011). Sua auto percepção, maneira como vê o mundo, confiança no meio externo e sensação de pertencimento podem ser afetados. As crianças após a perda de um ente querido podem:

· negar a perda e ficarem confusa inicialmente;

· sentir raiva daquele que faleceu por pensarem que foram abandonadas ou traídas;

· apresentar baixa na autoestima e dificuldade em socializar;

· pensar que ela ou alguma outra pessoa foi responsável;

· ter redução no rendimento escolar, dificuldade de aprendizagem e falta de vontade de ir à escola;

· demonstrar depressão, desânimo ou desinteresse;

· sentir medo de morrer ou de perder outros membros da família;

· queixar-se de dores e acreditarem estar doentes;

· apresentar dificuldades para dormir e muitos pesadelos durante o sono;

· manifestar medo de ficar sozinha, de monstros ou de escuro;

· ficar mais irritadiça e agressiva;

· ter acessos de choro e raiva;

· apresentar regressão no comportamento;

· ficar agitadas e ansiosas ou quietas e letárgicas;


Envolvidas por diversas fantasias, crianças que sofreram grandes perdas sentem preocupação, incerteza, desconfiança, inquietação, vulnerabilidade, tristeza, mágoa, angústia, desesperança, raiva, entre outros sentimentos, que por não conseguir administrar ou controlar, podem ser deslocados para outras questões.


Há uma acentuada propensão infantil a se culpar, por imaginar que o falecimento se deu como punição ou realização do desejo que ele ocorresse. Acreditando serem, de alguma maneira, as responsáveis pela morte, podem praticar ações autopunitivas pelo que fantasiam ter causado e adotar pensamentos que consideram bons para evitar que outro ente querido ou ela própria morra.


Quando se trata da morte de um dos progenitores as crianças podem sentir medo e insegurança de não ter mais alguém que se encarregue dos cuidados que ela precisa. Supõem estar sendo castigadas por não terem sido bondosas e obedientes o suficiente e tentam ser agradáveis e educadas com receio de perder o afeto que ainda possuem.

Com todas as mudanças que podem ocorrer, a tendência natural é de restauração. Respeitado seu tempo e modo de lidar com a perda é possível a criança enlutada recompor sua vida, reestruturar atividades e relações e recuperar-se (ANDRADE, 2013). A família nesse momento, representa uma fonte crucial de conforto e apoio, e em alguns casos, os amigos podem assumir este papel, já que, os familiares podem não estar em condições de se dedicar aos cuidados da criança, e a manutenção da vida social pode proporcionar um senso de normalidade e segurança.


O luto não possui um prazo ou período determinado de duração e se dá em um tempo diferente para cada indivíduo e grupo. É um processo dinâmico e dual, orientado para a perda e a reparação, em que há um regulador do enfrentamento oscilando entre a confrontação e a evitação da perda (FRANCO, 2009). Mesmo após a elaboração, a saudade e a tristeza podem retornar, o que torna o luto um processo recursivo (LIMA & KOVÁCS, 2011).


Elaborar o luto não implica em não se lembrar mais daquele que faleceu e evitar suas memórias. Sentir-se triste por aquele que se foi e ter saudade poderá acontecer, mas se tornará parte das vivências do enlutado, assim que conseguir conviver com a perda e reorganizar sua vida, mesmo com a ausência do outro (TORRES, 1990).

Espontaneamente as crianças vão observando, escutando e comparando os hábitos e condutas expostas em seu entorno com os costumes familiares com as quais estavam adaptadas. Nessa contraposição vai assimilando valores e construindo significados que lhe permitem gradativamente apreender a ausência do ente querido e seguir adiante (PELENTO, 2001, apud Andrade, 2013).


Considerações

Cada sujeito, criança ou adulto, vivencia de modo particular as circunstâncias ligadas a morte e à sua maneira o processo o luto. A exteriorização dos sentimentos se dá em intensidade e configuração muito diversas, devendo ser acompanhada com um olhar para cada singularidade.


Em qualquer período da vida o carinho e o amparo são medidas de proteção, mas as crianças, em especial, necessitam de auxílio e atenção. Como afirma Franco e Mazorra “seu mundo está enlutado: torna-se difícil lidar com toda a gama de sentimentos que parecem invadi-la com o desmoronamento da família. O luto é o processo de reconstrução, de reorganização, diante da morte, desafio emocional e cognitivo com o qual ela tem de lidar” (2007, p.504). E, por possuírem menos recursos de enfrentamento para a dor da perda, as crianças têm um ajustamento trabalhoso.


As dificuldades em falar sobre morte não devem se sobrepor a necessidade de conversar. Sufocar os sentimentos e coibir a expressão de dúvidas e concepções relacionadas à perda podem potencializam o sofrimento e causar danos ao processo de elaboração, prejudicando o desenvolvimento emocional saudável.

Abordar os sentimentos, trabalhando as diferenças de opiniões, esclarecendo dúvidas e questões ajuda a criança a lidar com os suas percepções e reações, ensinando meios que serão utilizados ao longo da vida (MAZORRA, 2017).


Assim, é muito importante dialogar com as crianças sobre as perdas para que elas progressivamente a compreendam e o luto se desenvolva adequadamente. A comunicação, principalmente, em família é um espaço fértil para a educação para a morte e promove uma sensação de pertencimento que auxilia a tolerar e enfrentar as situações de sofrimento (LIMA & KOVÁCS, 2011).


Essas conversas podem ser iniciadas com relatos sobre a família, contando sobre parentes falecidos, em tarefas na escola, por notícias nas mídias e fábulas literárias, entre outros.

As histórias aproximam de maneira delicada a ficção da realidade oferecendo, à criança, mecanismos para passar pela situação e maneiras diferentes de lidar com suas emoções (PAIVA, 2011). Porém, devem ser utilizadas com cautela. Elas devem ser construídas juntamente com a criança, levando em consideração suas particularidades, o contexto sociocultural em que vive e os valores e tradições familiares, para que faça sentido em sua realidade. Explicações mágicas e metáforas deslocadas podem estimular a criação de fantasias.


O mais indicado é usar uma linguagem simples, verdadeira, cotidiana, clara e afetuosa, considerar a idade, a capacidade conversacional, o nível de desenvolvimento da criança e a situação da perda, são atitudes essenciais para facilitar sua compreensão.

A morte é parte do processo de viver, deste modo preparar a criança para compreender e enfrentar as perdas, reconhecendo que elas sempre acontecerão e orientadas de que em algum momento a dor amenizará, facilitará sua travessia pelo luto e a continuidade de sua vida e relacionamentos.

Dessa maneira, debater abertamente a morte e o morrer favorece a familiaridade com sua ocorrência e consequências, e possibilita a criança estabelecer recursos para reconstruir e reorganizar sua vida quando acontecer o falecimento de alguém de seu convívio.



Referências


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